9 de junho de 2010

Web mudou cultura do consumo de notícias, mas nem todos percebem

Artigo interessante a respeito do consumo de notícias.

Há alguns dias, na badalada D8 Conference, Rupert Murdoch foi entrevistado pelo canal Fox Business Network, controlado do seu grupo, a News Corp. Perguntado sobre como fazer para as pessoas pagarem pelo conteúdo na web, respondeu com uma simplificação arrogante – “É simples. Você deixa eles de fora. Eles têm que assinar. Eles te dão o número do cartão de crédito e é isso. Então você manda um email para eles dizendo que está aumentando o preço ou baixando o preço ou qualquer outra coisa.” A estratégia que Murdoch descreve é a que está colocando em prática no The Times e no Sunday Times. Além de fechar o acesso ao conteúdo dos jornais, vai torná-los praticamente invisíveis para as ferramentas de busca. Para Murdoch, o conteúdo que seus jornais produzem é bom demais para ser dado “de graça” e já faz tempo que ele briga com o Google.

Uma primeira baixa nessa guerra foi a decisão do blogueiro Tim Kevan de tirar seu blog Baby Barista do site do The Times. Não apenas condenou a opção de restrição de acesso ao conteúdo. Saiu protestando e acusou o jornal de ser incapaz de lidar com a inovação da mídia online.

Um dia antes da entrevista de Murdoch para a Fox Business Network, o jornalista David Amerland, especialista em SEO, tinha escrito para o journalism.co.uk um artigo sob o título ‘Paywalls protect news organisations’ bottom lines not journalistic integrity or quality’ (Cobrar pelo acesso protege o lucro das empresas jornalísticas e não a qualidade ou a integridade do jornalismo). Acredita que fechar o conteúdo para assinantes coloca os empregos dos jornalistas na reta dos cortes porque o número de leitores cai e a receita cai ainda mais. E estimula o crescimento de serviços jornalísticos menos profissionais que terão sucesso ao competir diretamente com os jornais de conteúdo fechado. Amerland argumenta que a internet mudou a maneira como fazemos tudo e diz que quem não percebe isso vê a web apenas como uma extensão do seu jornal ou do seu canal de TV. “Nada está mais longe da verdade” – alerta.

A internet mudou a cultura do consumo de notícias, o público leitor que existe hoje não é o mesmo de mais de 10 anos atrás. “Já acumulamos 15 anos durante os quais as pessoas aprenderam a fazer busca, pesquisar conteúdo, criar sites, usar chats, messengers e email. Cada ítem desses abriu novas maneiras e encontrar e enviar informação num nível que, em alguns casos, suplantou as empresas jornalísticas tradicionais que ainda se baseiam no modelo antigo, atrasado, de apurar notícias, decidir o que mostrar e então apresentá-las para o público”.

Artigo escrito por Elisa Araujo

 

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