26 de junho de 2010

Em 4 meses, dez sites de compras coletivas já estrearam no país

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

 

Quatro meses após a estréia do primeiro site de compra coletiva no Brasil, já há dez funcionando no país, e o modelo de negócios atrai investimentos estrangeiros.  O Groupon, empresa americana pioneira no ramo, lança hoje o site Clube Urbano (clubeurbano.com.br), que começa com ofertas em São Paulo. A primeira será a venda de vale-compras de R$ 125 na Forneria don'Ana, na zona sul, por R$ 50. Com investimento inicial de cerca de US$ 15 milhões, a companhia quer estar em mais de 30 cidades do país, dentro de quatro meses.  Nos sites de compra coletiva, os clientes cadastrados recebem ofertas de descontos -que chegam a 90%- em estabelecimentos como restaurantes e salões de beleza. Mas o vale-compras só é válido se um número mínimo de pessoas comprá-los.

"Nos EUA, já há 200 sites. Acredito que o Brasil pode ser nosso segundo maior mercado em um ano", estima o presidente do Clube Urbano, Florian Otto. O Grupon nasceu nos EUA em 2008 e neste ano seu valor chegou a US$ 1,3 bilhão. A empresa está presente também no Canadá, na Europa e no Chile. Em breve chega a Argentina, Japão, Austrália, Cingapura e Hong Kong. Segundo Otto, isso permite ao grupo estabelecer parcerias globais para criação de ofertas. A companhia, que tem 15 funcionários aqui, pretende contratar mais cem.

Outro site que nasceu com recursos estrangeiros, o Clickon (clickon.com.br), está presente em São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba e chega nas próximas semanas a Recife, Brasília, Salvador, Rio e Porto Alegre.  O grupo estreou em maio, com verba de R$ 17 milhões do empresário alemão Klaus Hommels, também investidor dos sites Skype e Facebook. Já tem 200 mil clientes. "Vamos manter a preocupação com a qualidade dos produtos ofertados. Temos um know-how sobre o público brasileiro que o Groupon não tem", diz Marcelo Macedo, um dos sócios do Clickon.

Ofertas

A rápida proliferação de páginas de compra coletiva provocou o surgimento de um novo tipo de site, que agrega as ofertas. Já está no ar, embora em estágio beta, o Zipme (zipme.com.br), que reúne em um mesmo ambiente as ofertas de compra coletiva do diversos sites. "Tivemos a ideia de criar o Zipme ao nos colocarmos na posição do consumidor. São tantos sites que fica difícil acompanhar todas as ofertas", explica Guilherme Wroclawski, um dos fundadores.

 

Tryvertising em Curitiba

Loja grátis terá filial em Curitiba

Depois de abrir a sua primeira loja grátis em São Paulo, o Clube Amostra Grátis planeja abrir novo empreendimento desta vez, em Curitiba-PR. A filial vai funcionar no endereço Rua Visconde do Rio Branco, 1322, Batel. A previsão de abertura é no final de julho. Na capital paulista o conceito está funcionando bem segundos os administradores e a loja registra número como 11 mil cadastrados, cerca 100 empresas e mais de 140 marcas.

Fonte: M&M

 

23 de junho de 2010

Faça compras sem pagar nada

Com investimento de R$ 4 milhões, foi inaugurada nesta terça-feira, 22, em São Paulo, a Sample Central, que oferece produtos gratuitamente para serem testados pelos consumidores. A cidade já conta com uma loja nos mesmos moldes, Clube Amostra Grátis, na Vila Madalena, inaugurada em 11 de maio. Ambas trabalham com o conceito tryvertising, ou seja, oferecer mercadorias para que a pessoa experimente e depois dê sua opinião.

"O brasileiro tem uma cultura de consumo muito bacana, é curioso e adora lançamentos. Além disso, o mercado está aquecido e as empresas fazem grandes investimentos para conhecer o consumidor", afirma João Pedro Borges Badue, gerente-geral da Sample Central Brasil. A iniciativa tem como sócios Cereja/PRN (da qual Badue é diretor de desenvolvimento de novos negócios), Ibope, Bullet e o publicitário Celso Loducca.

Para a inauguração da primeira unidade no Brasil, os sócios trouxeram o australiano Anthony J. James, criador do conceito da Sample Central, cuja primeira loja foi aberta no Japão, em julho de 2007. "Tenho certeza que será um sucesso", diz James sobre a franquia brasileira, localizada na rua Augusta, na região dos Jardins. Em Tóquio, 76% dos que experimentaram produtos compraram depois os mesmos itens em lojas comuns.

Para participar o consumidor deve se cadastrar no site da empresa (www.samplecentral.com.br) e pagar uma anuidade de R$ 15. A ida à loja deve ser agendada e a cada visita pode levar cinco produtos. Em contrapartida, deve responder a uma pesquisa sobre os itens experimentados, num prazo de até cinco dias. Até o momento, 16 mil pessoas se cadastraram e a expectativa é chegar a 90 mil em nove meses.

As empresas participantes, além de divulgarem seus produtos por meio da experimentação, podem também ter acesso aos resultados da pesquisa. Os itens ficam nas prateleiras por 15 dias. Nesta primeira rodada a loja conta 230 marcas, de empresas como Nestlé, Hypermarcas, Avon, P&G, Panco, Ajinomoto e Wickbold, entre outras.

 

Fonte: M&M

18 de junho de 2010

Marcas são esculturas de significado

Profissionais de marketing são gerentes de significado, trabalhando com esculturas de significado que naturalmente os consumidores estão aptos a produzir

Em que consiste, na sua essência, a função do profissional de marketing? Se você repetir essa pergunta - como eu já fiz - para diversos executivos que atuam na área, provavelmente vai encontrar respostas bastante divergentes. Na literatura acadêmica as respostas também são múltiplas e, não raramente, geram mais confusão do que explicam. Mas uma pergunta desta importância não pode ficar sem uma resposta clara. Para encurtar a história, decidi investigar essa questão.

 

A proposta mais interessante que encontrei foi, para minha surpresa, a de um antropólogo, o americano Grant McCracken. Ele sugere – absolutamente não de forma inédita, mas de modo bastante assertivo – que profissionais de marketing são, em essência, “gerentes de significado”. Crescimento de market share, resultados financeiros positivos... o sucesso deste executivo é sempre diretamente ligado à eficácia com que ele constrói significado para marcas.

 

E então McCracken acrescenta que significados não são criados do nada, eles têm sua origem na cultura: o conjunto de crenças, valores, comportamentos e instituições que organizam a vida em sociedade. É nesta preciosa fonte que bebem os profissionais de marketing, buscando significados que são então gerenciados para agregar valor a um determinado produto ou serviço, construir marcas e retornar posteriormente para a vida do consumidor.

 

Faz sentido para você? Para mim fez. Tanto que continuei navegando nos mares da antropologia e constatei que diversos autores escreveram sobre as operações mentais que pessoas, vivendo em sociedade, naturalmente fazem para atribuir significados, e portanto valor, a coisas ou objetos (ou, se você preferir, produtos). Sempre comparando os resultados desta investigação com o que efetivamente acontece no universo das marcas, comecei a catalogar essas diferentes, e “ancestrais”, operações mentais e finalmente as organizei em 12 tipos.

Claro, não pretendo que esta lista seja exaustiva e definitiva. Espero sim que ela seja fonte de inspiração. Pois acredito que é da profunda compreensão das motivações envolvidas nestas “naturais esculturas de significado humanas” que nasce o talentoso profissional de marketing. Note bem que em cada uma destas “esculturas” o tangível não muda, ou pelo menos, não necessariamente. O que é esculpido e modelado são os significados atribuídos à coisa material:

 

1. De “coisa” para... “Amuleto”
Operação mental em que é atribuído um “poder mágico” a determinado objeto. Exemplo ouvido recentemente de um jovem: “nossa, com este tênis parece que sou capaz até de voar...”

2. De “coisa” para... “Ingresso”
Objeto cuja posse culturalmente passa a implicar, ou ao menos facilitar, a aceitação em um desejado grupo social, mesmo que não formalmente constituído. Exemplo: ser assinante de determinada revista contribui para que o consumidor seja percebido como um “intelectual”.

3. De “coisa” para...“Personagem”
Operação mental em que o objeto ganha significado e valor ao passar a fazer parte do enredo da vida da pessoa, como um personagem. Exemplo: o cartão de crédito que esteve comigo em todas as fases da minha vida.

4. De “coisa” para...“Caça”
Operação em que significado e valor são atribuídos ao objeto em razão de características do próprio processo de busca e aquisição. Exemplo atual: “itens de coleção, quando até uma simples figurinha ganha um valor inestimável”.

5. De “coisa” para...“Ponte”
O objeto ganha significado quando culturalmente se torna uma ponte para aproximar pessoas e facilitar a interação social. Esta ponte pode ser “física”, quando, por exemplo, a coisa se torna um presente, ou “emocional”, quando a ponte surge de um tema de interesse comum que o objeto desperta. Exemplo: uma camiseta com ilustrações inspiradas em um filme ou programa de TV.

6. De “coisa” para...“Autêntico”
Normalmente, operação mental que acontece no vetor temporal: objeto ganha significado ao se tornar um representante fiel de iniciativa ou momento valorizado do passado. Exemplo pessoal: o “baleiro” que orgulhosamente exibo na minha sala.

7. De “coisa” para...“Exótico”
Operação mental que navega no vetor espacial: objeto ganha valor quando passa a representar outras culturas ou pontos de vista. Exemplo: um vaso com motivos africanos.

8. De “coisa” para... “Troféu”
O que se torna escasso ou limitado, inclusive por meio do preço, ganha significado ao delimitar territórios sociais. Exemplos proliferam no mercado de luxo.

9. De “coisa” para...“Saber”
Objeto que também passa a delimitar territórios sociais, só que principalmente em função do conhecimento demandado para sua utilização e fruição. Exemplo obrigatório: uma garrafa de vinho.

10. De “coisa” para...“Bandeira”
Objeto que se torna símbolo de um desejo humano maior, como liberdade, amor, mudança ou a pátria. Exemplo antológico: uma motocicleta Harley-Davidson.

11. De “coisa” para...“Arte”
Objeto que passa a ser descrito como exemplo da inventividade humana e da nossa capacidade de transcender o meramente biológico. Exemplos abundam na gastronomia: “isto não é comida apenas, são pepitas de chocolate trufado”.

12. De “coisa” para...“Sagrado”

Objeto cujo significado mais evidente é transferido de outra pessoa, não raramente uma celebridade, que detinha a posse anterior da coisa ou que se envolveu na sua produção e consumo. Exemplo: o “perfume de Antonio Banderas”.

Em resumo: profissionais de marketing são gerentes de significado, trabalhando com esculturas de significado que naturalmente os consumidores estão aptos a produzir. Em certo sentido, nós não inventamos nada. Construímos significado quando gerenciamos eficazmente – estimulando e compartilhando com consumidores - um processo que é fundamentalmente humano.

Fernando Jucá (Diretor Associado do Grupo Troiano de Branding)

Fonte: Mundo do Marketing (www.mundodomarketing.com.br)

 

16 de junho de 2010

TV rouba audiência da internet

São Paulo – Uma queda de 75% no tráfego online. Esse foi o efeito direto que a estréia do Brasil na Copa causou sobre a internet nacional. Os números são da empresa Tecla Serviços de Internet, que monitorou o acesso corporativo à rede mundial de computadores e constatou uma queda brusca no acesso a e-mails e sites comerciais durante o primeiro jogo do Brasil.

 

Entre os 16 mil sites e 250 mil e-mails corporativos hospedados na empresa, foi registrada uma redução de 75% no tráfego de dados comparado a um dia comum. “O brasileiro, apaixonado por futebol, parou sua rotina para acompanhar todos os lances da seleção. Emails e acesso a sites profissionais foram totalmente deixados de lado, mantendo apenas atualizações em mídias sociais como Twitter e eventualmente outras redes sociais”, disse Cristian Gallegos, diretor-geral da Tecla Serviços de Internet.

 

Fonte: Info

14 de junho de 2010

As marcas mais quentes do mundo

O Advertising Age publica nesta semana a edição 2010 de seu estudo World's Hottest Brands, com as 30 marcas mais quentes do mundo divididas em três categorias: globais, regionais e locais.

O Brasil está representado por Natura e Havaianas nas dez regionais escolhidas por serem as mais reconhecidas em seus mercados domésticos e em fase de expansão para outros países. A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, por sua vez, aparece entre as dez locais com cases mais inovadores. Entre as globais, em ordem alfabética, aparecem BMW, Coca-Cola, Facebook, H&M, Ikea, McDonald's, Nike, Nintendo Wii, Pampers e Tesco.

No relatório do AdAge que explica a inclusão de todas as marcas, é ressaltado o crescimento de 130% no volume de vendas de Havaianas na Europa e nos EUA no último trimestre de 2009 e o fato de 68% das pessoas que declaram conhecer a marca já terem comprado ao menos um par das sandálias.

Para Natura, contou o share de 22,3% no mercado brasileiro de cosméticos e a primeira aparição entre as cem empresas globais mais sustentáveis da Innovest Strategic Value Advisors. A Azul, presidida pelo brasileiro David Neeleman, bateu em 2009 o recorde mundial de passageiros transportados no primeiro ano de atividade: dois milhões. Entre as marcas locais apareceram duas argentinas: o banco Hipotecário e Mama Lucchetti.

A informação é da coluna Em Pauta, publicada na edição 1413 de Meio & Mensagem, que circula com data de 14 de Junho de 2010.

Depois de MTV, Estadão lança edição 3D

O Estadão lançará no dia 28 uma edição em que fotos, imagens editoriais e anúncios serão produzidos em tecnologia 3D. Cada exemplar, vendido em banca ou enviado para o assinante, será acompanhado de 1 par de óculos especiais. Segundo comunicado enviado pela assessoria de imprensa, os anunciantes interessados "em participar da novidade" deverão criar seus materiais com o mesmo recurso. A iniciativa não é inédita. O gratuito MTV na Rua, da Abril, apresentou versão com os mesmos recursos na ultima 6ª.

 

Fonte: M&M

10 de junho de 2010

Fãs encaram desafio para trazer Ferrorama de volta

Ação idealizada pela Estrela e pela DM9DDB promete o retorno da famosa locomotiva em troca da travessia do caminho de Santiago de Compostella

 

Os fãs saudosos do Ferrorama poderão ter realizado o sonho de ver o brinquedo novamente nas prateleiras das lojas. Por conta de uma forte mobilização realizada na internet - que reunia consumidores que clamam pela volta do produto - a Estrela planejou uma ação que pode culminar com a retomada das vendas da locomotiva.

Depois de ouvir as mensagens postadas em uma comunidade do Orkut, que conta com mais de três mil membros, a DM9DDB arquitetou uma ação diferente, na qual os próprios fãs do produto pudessem interagir com o Ferrorama e tentar trazê-lo de volta à linha da Estrela.

O desafio proposto pela agência consiste em fazer a locomotiva atravessar todo o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Para isso, uma equipe de fãs já foi escolhida e já partiu para o local para encarar a jornada. Para cumprir corretamente a proposta, eles contarão apenas com 110 metros de trilho, que deverão repostos continuamente para que o trem consiga andar pelo chão. Se a equipe conseguir cumprir a longa travessia, a Estrela promete relançar o brinquedo no Brasil.

Para chamar a atenção para a ação, a agência criou um hotsite especial que, via satélite, acompanhará o deságio em tempo real. Pelo site Volta Ferrorama (clique aqui para acessar) os internautas poderão acompanhar o desempenho da equipe e ver fotos e vídeos da execução da ação.

 

Fonte: M&M

9 de junho de 2010

Google implementa novo sistema de indexação da web

Ontem o Google anunciou que concluiu o seu novo sistema de indexação de web, chamado de Caffeine. O sistema permite que links e materiais relacionados a um assunto específico sejam encontrados 50% mais rápido do que no antigo sistema, além de agrupar a maior coleção de conteúdo web já oferecida.

Segundo Carrie Grimes, engenheira de softwares da empresa, o antigo sistema indexava em camadas, atualizando alguns índices mais rápido do que outros, e a camada principal era atualizada a cada duas semanas.

Com o Caffeine, a web é analisada em pequenas porções, e a atualização do índice de pesquisa é feita sobre uma base contínua, de forma global. "À medida que novas páginas ou informações sobre as páginas existentes são encontradas, elas são adicionadas diretamente no índice", explica a engenheira.

O Caffeine adiciona novas informações a uma taxa de centenas de milhares de gigabytes por dia e ocupa um banco de dados de 100 milhões de gigabytes.

Fonte: http://imasters.uol.com.br/noticia/17156/tecnologia/google_implementa_novo_sistema_de_indexacao_da_web/

Web mudou cultura do consumo de notícias, mas nem todos percebem

Artigo interessante a respeito do consumo de notícias.

Há alguns dias, na badalada D8 Conference, Rupert Murdoch foi entrevistado pelo canal Fox Business Network, controlado do seu grupo, a News Corp. Perguntado sobre como fazer para as pessoas pagarem pelo conteúdo na web, respondeu com uma simplificação arrogante – “É simples. Você deixa eles de fora. Eles têm que assinar. Eles te dão o número do cartão de crédito e é isso. Então você manda um email para eles dizendo que está aumentando o preço ou baixando o preço ou qualquer outra coisa.” A estratégia que Murdoch descreve é a que está colocando em prática no The Times e no Sunday Times. Além de fechar o acesso ao conteúdo dos jornais, vai torná-los praticamente invisíveis para as ferramentas de busca. Para Murdoch, o conteúdo que seus jornais produzem é bom demais para ser dado “de graça” e já faz tempo que ele briga com o Google.

Uma primeira baixa nessa guerra foi a decisão do blogueiro Tim Kevan de tirar seu blog Baby Barista do site do The Times. Não apenas condenou a opção de restrição de acesso ao conteúdo. Saiu protestando e acusou o jornal de ser incapaz de lidar com a inovação da mídia online.

Um dia antes da entrevista de Murdoch para a Fox Business Network, o jornalista David Amerland, especialista em SEO, tinha escrito para o journalism.co.uk um artigo sob o título ‘Paywalls protect news organisations’ bottom lines not journalistic integrity or quality’ (Cobrar pelo acesso protege o lucro das empresas jornalísticas e não a qualidade ou a integridade do jornalismo). Acredita que fechar o conteúdo para assinantes coloca os empregos dos jornalistas na reta dos cortes porque o número de leitores cai e a receita cai ainda mais. E estimula o crescimento de serviços jornalísticos menos profissionais que terão sucesso ao competir diretamente com os jornais de conteúdo fechado. Amerland argumenta que a internet mudou a maneira como fazemos tudo e diz que quem não percebe isso vê a web apenas como uma extensão do seu jornal ou do seu canal de TV. “Nada está mais longe da verdade” – alerta.

A internet mudou a cultura do consumo de notícias, o público leitor que existe hoje não é o mesmo de mais de 10 anos atrás. “Já acumulamos 15 anos durante os quais as pessoas aprenderam a fazer busca, pesquisar conteúdo, criar sites, usar chats, messengers e email. Cada ítem desses abriu novas maneiras e encontrar e enviar informação num nível que, em alguns casos, suplantou as empresas jornalísticas tradicionais que ainda se baseiam no modelo antigo, atrasado, de apurar notícias, decidir o que mostrar e então apresentá-las para o público”.

Artigo escrito por Elisa Araujo

 

O que é e o que muda com marco civil da internet

Em quais ocasiões a justiça poderá “quebrar” meu sigilo de acesso à internet? Eu posso ser punido por ofender alguém na internet, mesmo postando como anônimo? São essas e outras questões que o marco civil da internet tenta resolver, criando uma série de diretrizes para o uso da internet no país. Diferente da lei Azeredo, considerada “punitiva” (pois previa a criação de uma série de crimes envolvendo o mundo virtual), o conjunto de leis propõe direitos e deveres para os usuários. “Em vez de punição, o marco civil estabelece, por exemplo, leis voltadas aos direitos privados e liberdade de expressão na internet”, explica Ronaldo Lemos, que é diretor do Centro de Tecnologia e Socidade da Escola de Direito da FGV-RJ.

O marco civil ainda é um projeto, que pode ser alterado quando chegar à Câmara, no entanto para explicar em que a lei poderá mudar na vida do internauta, o UOL Tecnologia consultou especialistas que participaram da elaboração do marco civil – Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV-RJ e de Felipe de Paula, secretário de assuntos legislativos do Ministério da Justiça – e reuniu algumas perguntas para esclarecer o projeto de lei para a internet brasileira. Confira abaixo:

 

O que é o marco civil?

É um projeto com um conjunto de leis que estabelecem direitos de internautas, provedores na rede e do governo. É “uma espécie de constituição da internet”, define o secretário de assuntos legislativos do Ministério da Justiça, Felipe de Paula. No âmbito governamental, o marco civil tem uma diretriz para que o acesso à internet seja encarado como um direito da população. 

 

Quais os objetivos do marco civil?
Um dos principais motivos da criação do projeto de lei é a insegurança jurídica, que acaba gerando “decisões inconsistentes”, segundo o secretário de assuntos legislativos do Ministério da Justiça no judiciário. Um exemplo foi o caso da modelo Daniela Cicarelli. Após processar o site YouTube, pelo fato de usuários terem postado um vídeo íntimo da modelo, um juiz havia determinado que o site de vídeos fosse bloqueado no país.

 

Mas o que isso significará na prática?
Na prática são três as questões mais próximas aos internautas e que também têm gerado polêmicas entre provedores e membros da sociedade civil: tempo de guarda de logs (IP e horário de acesso do usuário à rede), o anonimato e a responsabilização por conteúdo publicado. Veja abaixo os pontos:

 

• Tempo de guarda de logs e solicitação de informações:
Ainda que boa parte dos internautas não esteja ciente, toda vez que acessa a internet, o provedor guarda informações dos usuários. O marco civil propõe que os sites e provedores armazenem por até seis meses e que as solicitações dessas informações passem pelo judiciário. Enfim, que o sistema passe por um processo semelhante ao da interceptação telefônica.

Ronaldo Lemos, da FGV-Rio, ainda pontua que atualmente o processo para adquirir informações de usuários por policiais é pouco burocrático. “Quando a autoridade policial faz a solicitação, muitas vezes, o pedido nem passa por um juiz.”

 

• Anonimato
O projeto de lei estabelece que o usuário na rede tem direito ao anonimato, mas, uma vez que há guarda de logs, o anonimato seria parcial, pois os provedores detêm as informações dos usuários. Alguns veem essa “parcialidade” como uma ameaça à liberdade de expressão. Entretanto, apenas a Justiça terá poder de “quebrar” o sigilo das pessoas.

 

• Responsabilização por conteúdo publicado
O marco civil estabelece mecanismos para que intermediários (sites ou redes sociais) não sejam diretamente punidos por alguma ofensa de terceiro. Por exemplo: um internauta posta um comentário ofensivo em um blog. Em alguns casos, o responsável pelo blog acaba sendo punido. “Houve o caso de um blogueiro no Ceará que teve de pagar R$ 16 mil de indenização por um comentário de um usuário”, comentou Ronaldo Lemos.

Em um primeiro momento, o projeto de lei do marco civil estabelecia que os provedores adotassem um mecanismo de notificação. O usuário que se sentisse lesado mandaria uma mensagem ao provedor e este julgaria se deveria remover o conteúdo ou não. Porém, após discussões, o projeto definiu que as empresas só devem remover algum conteúdo após notificação judicial.

 

Quem participa da elaboração do marco civil?
Lançado em outubro de 2009, a iniciativa para a criação do projeto partiu da Secretaria de Assuntos Legislativos da Justiça (SAL/MJ) e a Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas. Porém, qualquer pessoa que quisesse opinar ou sugerir pontos sobre para a lei poderia fazê-lo no site Culturadigital.br/marcocivil. No entanto, o Ministério da Justiça está recebendo colaborações tardias pelo e-mail marcocivildainternet@mj.gov.br.

Quais os próximos passos?


Com o fim da fase de discussão do projeto pela internet, terminada no dia 31 de maio, uma comissão do Ministério da Justiça reunirá as contribuições enviadas por internautas e empresas, vai ouvir os ministérios envolvidos (Ministérios da Cultura e da Casa Civil) para, em seguida, enviar para votação na Câmara. A intenção, segundo Felipe de Paula, é que a lei seja votada no segundo semestre deste ano.

 

Fonte: Artigo escrito por Guilherme Tagiaroli, para UOL Tecnologia

 

4 de junho de 2010

A Internet está destruindo nossas mentes?

NOVA YORK (Reuters) - Quando o autor Nicholas Carr iniciou as pesquisas para o livro que busca descobrir se a Internet está destruindo nossas mentes, ele restringiu seu acesso a emails e desativou suas contas no Twitter e no Facebook.

Seu novo livro "The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains" ("O Superficial: O que a Internet está fazendo com nossos cérebros") argumenta que os últimos avanços da tecnologia nos tornou menos capazes de pensamento aprofundado. Carr se descobriu tão distraído que não podia trabalhar no livro enquanto estava conectado.

"Eu descobri que minha incapacidade de me concentrar é uma grande deficiência", disse Carr à Reuters.

"Então, abandonei minhas contas no Facebook e no Twitter e reduzi o uso de email de modo que eu apenas checava algumas vezes por dia em vez de a cada 45 segundos. Descobri que esses tipos de coisas realmente fazem a diferença", afirmou ele.

Depois de inicialmente se sentir "perdido" por sua súbita falta de conexão online, Carr afirmou que após algumas semanas foi capaz de se concentrar em uma tarefa por um período sustentado e, felizmente, conseguiu terminar seu trabalho.

Carr escreveu um artigo para a revista Atlantic Magazine em 2008 em que trouxe a público a famosa dúvida "O Google está nos tornando estúpidos?" e resolveu estudar mais fundo como a Internet altera nossas mentes.

O livro examina a história da leitura e aborda como o uso de diferentes mídias muda nossos cérebros. Explorando como a sociedade mudou da tradição oral para a palavra escrita e para a Internet, ele detalha como o cérebro se reorganiza para se ajustar a novas fontes de informações.

A leitura na Internet mudou de forma fundamental a maneira como nós usamos o cérebro, segundo o autor.

Encarando uma enxurrada de textos, fotos, vídeos, músicas e links para outras páginas, além de incessantes interrupções geradas por mensagens de texto, emails, atualizações no Facebook, tweets, blogs e feeds RSS, nossas mentes se acostumaram a navegar e a escanear informações.

Como resultado, desenvolvemos habilidades na tomada de decisões rápidas, particularmente as baseadas em estímulos visuais, afirma Carr.

Mas, agora, a maioria de nós lê com pouca frequência livros, ensaios longos ou artigos que nos ajudam a concentrar e sermos mais introspectivos e contemplativos, diz o autor.

BIBLIOTECÁRIOS?

Para Carr, estamos nos tornando mais como bibliotecários, capazes de encontrar rapidamente informações e perceber quais são as melhores, do que acadêmicos que são capazes de digerir e interpretar a informação.

A falta de foco afeta a memória de longo prazo, levando muitas pessoas a se sentirem distraídas, afirma o autor.

"Nunca ativamos as funções mais profundas, interpretativas de nossos cérebros", disse ele.

Para ilustrar esse ponto, ele compara a memória de curto prazo a um dedal e a de longo prazo a uma grande banheira. Ler um livro é como encher a banheira com água a partir de um fluxo constante de uma torneira, com cada porção de informação sendo construída a partir da anterior.

Em contraste, a Internet é um conjunto infinito de torneiras abertas ao máximo, nos deixando tomados de porções pequenas de informações desconexas para encher a banheira, o que torna mais difícil para nossas mentes fazer as conexões necessárias que permitiriam seu uso posteriormente.

"O que estamos perdendo é todo um conjunto de outras habilidades mentais, aquelas que requerem não a mudança de nosso foco, mas a manutenção dele sobre um ponto", disse o autor.

"Contemplação, introspecção, reflexão, não há espaço ou tempo para isso na Internet."

Carr sustenta que durante séculos os livros protegeram nossas mentes da distração, concentrando o foco em um assunto por vez.

Mas com aparelhos como Kindle e iPad, que incorporam leitores de livros digitais a browsers de Internet, se tornando comuns, Carr afirma que os livros também vão mudar.

"Novas formas de leitura sempre exigem novas formas de escrita", diz ele.

Se os escritores atuam em uma sociedade que é cronicamente distraída, eles inevitavelmente vão desistir de argumentos complexos que requerem atenção contínua para escreverem pequenas quantidades de informação.

Carr tem uma sugestão para aqueles que sentem que navegar pela Internet os deixou incapazes de concentração: reduza o ritmo, se afaste da Internet e pratique as habilidades de contemplação, introspecção e reflexão.

"Está muito claro na ciência do cérebro que se você não exercita habilidades particularmente cognitivas, você vai acabar perdendo-as", disse ele. "Se você está constantemente distraído, não vai pensar do mesmo modo de que se estivesse prestando atenção."

Fonte: Reuters